Barbie e um retrato social nada cor de rosa

Por Leticia Petrelli

Desde a sua estreia, em 20 de julho de 2023, o campeão de bilheteria “Barbie” tem aberto portas para discussões, críticas e elogios nas redes sociais e em diversos veículos de comunicação, devido à narrativa atribuída à antiga boneca infantil. O longa, dirigido por Greta Gerwig, constrói uma nova visão sobre a Barbie e os significados que ela trouxe para a sociedade.

Segundo Clara Fagundes, pesquisadora especialista em estratégia de futuros, mídia e cultura, “Barbie traz à tona várias questões sociais, embora algumas ganhem mais foco do que outras: o patriarcado, a pressão estética, a feminilidade, a importância da representatividade, os direitos das mulheres e a descoberta da sexualidade feminina são algumas das pautas sociais levantadas pelo filme. O patriarcado é o principal vilão da história e da existência das mulheres”, afirma.

Segundo a comunicadora Marina Goulart, a grande missão do filme foi facilitar debates que nem sempre foram acessíveis a todos. “A principal importância desse filme é realmente descortinar o machismo, o patriarcalismo e a submissão feminina dentro da sociedade”, esclareceu.

Marina afirmou, ainda, qual pode ser o impacto dessa obra a longo prazo. “Eu acredito que isso vai passar para as futuras gerações, a Barbie vem mudando muito de posicionamento e eu encaro o filme como uma grande tentativa de redenção. Há discussões muito importantes, principalmente mostrar para as meninas, para as jovens, para as mulheres, como essa sociedade patriarcal é violenta”, finalizou.

A jornalista e mestra em comunicação e semiótica Maria Paula Piotto da Silveira Guimarães traz outro ponto de vista sobre o filme e o classifica como um produto que corresponde de todas as maneiras à lógica do capitalismo:

“Eu acho que o filme não trouxe nada de novo. Eu acho que ele é um objeto da lógica capitalista, ele se articula dentro da lógica capitalista e até quando ele coloca em circulação valores de uma dita emancipação feminina, na verdade, ele só tá atendendo a essa lógica, ou seja, do retorno do capital… O que eu quero dizer com isso é que até para fazer uma dita revolução ele está vendendo”.

Além disso, a jornalista identifica que a mensagem que envolve todo o enredo do filme foi entregue de forma bem sucedida: “Acho que o objetivo foi alcançado, ou seja, um número incrível, extraordinário de audiência. E, por trás desse trazer algo da ordem da inovação, você tem mais do mesmo.”

Por fim, podemos considerar que as demandas e problemas sociais apresentados por Barbie só reforçam o dia a dia comum de uma mulher fora das telas, conforme afirma Clara Fagundes: “O discurso do filme toca às mulheres porque fala de problemas que a maioria de nós vive, todos os dias.”