Com inscrição negada, líderes da “Casa de Apoio” dizem ser vítimas de politicagem na cidade de Itu

Apesar de oferecer benefícios a adolescentes de seis cidades da região, projeto social foi barrado pelo Conselho Municipal de Assistência Social de Itu

Lucas Gandia

Apresentada à sociedade ituana no último dia 28 de abril, a “Casa de Apoio e Centro de Capacitação” ganhou destaque regional ao propor a criação de um espaço de transição para o convívio social de jovens que, por atingirem o limite de idade de 18 anos, são desabrigados de instituições de acolhimento. Entretanto, apesar da repercussão favorável, o projeto tem esbarrado em burocracias para ser regularizado. Para os responsáveis, a situação é motivada por razões políticas.

Com abrangência nos municípios de Itu, Salto, Cabreúva, Porto Feliz, Indaiatuba e Boituva, a Casa de Apoio é encabeçada por Claus-Peter O. Willi e Cláudia Maria Mariano da Silva, diretora-presidente do Instituto Kairós e presidente do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). O propósito é oferecer educação profissional aos assistidos, já que muitas instituições de acolhimento não oferecem esse tipo de preparação para os adolescentes que são desabrigados no limite da idade e não são adotados.

Mesmo apresentando caráter inédito no interior paulista, o projeto teve o pedido de inscrição negado no CMAS (Conselho Municipal de Assistência Social) de Itu, na manhã da última segunda-feira (23). “Entre outros benefícios, a Casa de Apoio contribuirá para que haja menos prostitutas e adolescente nas ruas, pois muitos jovens são obrigados a se sujeitarem a isso por não terem outras oportunidades. Mas, nesta cidade, não há essa visão. Ou você faz parte de um determinado grupo político ou não fazem jogo”, afirma Cláudia.

Dificuldades
Sem a inscrição no CMAS, o projeto não tem acesso à captação de recursos por meio do programa Nota Fiscal Paulista. Para Claus-Peter, a medida seria fundamental para o funcionamento do Centro de Capacitação. “Nós nos baseamos na Lei Orgânica da Assistência Social, lei federal que determina que o funcionamento das entidades depende de prévia inscrição no conselho municipal. Mas nos foi negado esse registro porque nós ainda não estamos funcionando. É totalmente contra o que prevê a lei”, enfatiza. “Poderíamos registrar esse projeto em qualquer município beneficiado, mas é um vexame que ele esteja sendo impedido na nossa cidade-sede”.

Claus-Peter ainda faz outras acusações à negação do pedido de inscrição. “Essa decisão foi por conta de uma politização que está acontecendo dentro do CMAS de Itu. Existe um grupo político forte e atuante, com interesses eleitorais na cidade, e nós não fazemos parte desse grupo e de nenhum outro”, observa. “Eles não estão atacando os responsáveis pelo projeto, mas sim os jovens que seriam beneficiados”.

Com o intuito de cobrar justificativas, Cláudia e Claus-Peter participarão, na próxima quinta-feira (2), às 8h, de uma nova reunião no CMAS, aberta ao público. “Pela lei, o projeto não deveria ter sido julgado apenas por meia dúzia de pessoas, mas sim por todos os conselheiros de Itu. Mas não foi isso o ocorreu; foram apenas quatro pessoas do conselho, que seguem o voto de uma direção ligada a grupos políticos. Onde está a transparência e a seriedade? Por que não foram honestos e nem nos chamaram para defender nosso projeto?”, indaga Cláudia.

A reportagem do “Periscópio” tentou contato com o Conselho Municipal de Assistência Social, por diversas vezes nesta semana, mas não obteve sucesso.