Desfile não ocorrerá por negativa da Prefeitura, dizem escolas de samba

Ao JP, presidente e vice da Liga Ituana relatam motivos da decisão promovida pela Prefeitura – que optou por um Carnaval sem gastos

 

Daniel Nápoli

Marcelo Mello e Oscar de Moraes, respectivamente presidente e vice-presidente da Liga Ituana de Escolas de Samba, em contato com o “Periscópio”, fizeram esclarecimentos a respeito da não realização dos desfiles no Carnaval 2017. De acordo com eles, as escolas de samba só não irão às ruas ituanas devido a sucessivas negativas por parte da atual administração municipal.

“Assim que foi nomeado o novo secretário de Turismo, Lazer e Eventos, Vinícius Salton, marcamos uma reunião. O encontro aconteceu e nos foi informado que a Prefeitura queria fazer o Carnaval, mas a ordem passada pelo prefeito eleito era de que a verba de todos os eventos seria cortada”, explica Mello.

Em um segundo encontro, a administração voltou a falar das dificuldades financeiras. “O Guilherme (Gazzola) disse que, infelizmente, não haveria dinheiro, que havia tomado ciência de algumas situações e realmente não teria verba para o Carnaval”, prosseguiu Mello.

Foi então que a Liga das Escolas de Samba se reuniu mais uma vez para discutir sua participação no Carnaval, chegando a uma decisão unânime de desfilar sem recebimento de verba, desde que a admistração se comprometesse a discutir uma maneira de viabilizar a festividade a partir de 2018.

Porém, um conflito ocorreu na terceira reunião entre Liga e administração. “O Rodrigo Tomba, secretário de governo, disse que enquanto a administração atual estivesse lá, as escolas de samba não receberiam mais nenhum tostão do poder público”, afirmou Mello. “Ele disse que a Prefeitura não queria e não iria se comprometer, dizendo ainda que não queriam mais que acontecessem os desfiles. Ou seja, nem nos oferecendo de graça eles queriam”, alega o carnavalesco.

Oscar de Moraes explicou ainda que foi feita uma contraproposta por parte da Prefeitura para a Liga. “A ideia era que a gente se juntasse, com dez componentes de cada bateria, e fizesse uma bateria única. Que fossemos à Praça da Matriz, onde aconteceriam as apresentações das bandas de marchinhas, e nos apresentássemos por meia hora”, explica. A ideia foi descartada pela Liga para evitar divisões entre as agremiações.

 

Possibilidade

Marcelo ainda disse que procurou uma alternativa. “Fomos atrás da iniciativa privada e conseguimos um empresário que disse que bancaria essa estrutura. A Prefeitura só iria entrar com o Departamento de Trânsito, uma ambulância e a Guarda Municial. Para nossa surpresa, nós tivemos um ‘não’ da administração, mesmo assim. Aí ficamos chocados, pois para nós faltou vontade política para realizar o Carnaval”, aponta.

 

Prefeitura explica

Questionada pelo JP, a Prefeitura esclareceu que não realizará repasse para nenhuma entidade que não esteja legalmente constituída, impedida de prestar contas de suas despesas nos moldes exigidos pelo Tribunal de Contas.

“Dentro dos princípios legalistas desta gestão, nenhuma exceção será aberta em respeito ao erário e aos interesses da população”, informou em nota, declarando ainda que a atual administração, diante da necessidade de contenção de despesas, optou por um evento dentro dos moldes tradicionais e 100% custeado pela iniciativa privada.

Quanto à alegação do presidente da Liga a respeito de ter procurado a iniciativa privada, a Prefeitura explica que todo o suporte adicional para a realização de um desfile ficaria a cargo do poder público, sendo “inviável neste momento de precauções financeiras”.

Por fim, a Prefeitura frisou que “prefere utilizar seus recursos em serviços essenciais para os cidadãos, investindo em saúde, educação, na recuperação das ruas do município e honrando a folha de pagamento de seus servidores”.