Espaço Acadil: Ser amigo
Poeta Sidarta Martins
Cadeira nº 20 I Patrono Luiz Silveira Moraes
Àqueles que pulsam em meu coração diuturnamente
A palavra “amizade” é usada no dia a dia de cada um de nós. Talvez seja uma das palavras mais usadas no mundo, nas diferentes línguas, das mais diferentes formas.
Será que “ser amigo” de verdade é, também, algo tão intenso?
Ser, existir, estar presente
Parece esta ser a primeira, e única, condição para ser amigo
O amigo nada pede, está lá quando o outro precisa
Nada exige, se entrega, de corpo e alma
Sem pré-condições e sem senões.
Ser amigo é caminhar ao lado, em silêncio
Quando nada há a ser dito, mas tudo a ser sentido
Ser amigo é estender as mãos quando nada mais resta
É compreender o outro, quando ele próprio não se compreende
Vencido pelas tantas e quantas surpresas da vida
Nada mais tem,nada mais espera, em nada mais acredita
A não ser na amizade, bálsamo para todas as feridas.
Amizade!
Palavra linda, sublime, encantada
Traz em si a beleza da história da existência humana
Amizade!
O maior feito do ser humano
A maior conquista do ser
É a entrega total, infinita, eterna.
Tijolo por tijolo, uma amizade verdadeira demora para ser construída
Mas quando é construída, se torna eterna, atravessa os tempos
Transporta pessoas de um lado ao outro dos oceanos
Só pelo prazer de estar um pouquinho com a pessoa amiga
Sentir seu calor, sentir seu cheiro, sentir seu perfume, receber um beijo…
Tomar um café a dois, olhando o horizonte
Falando das coisas boas que, juntos, viveram
E das tantas e quantas batalhas, que juntos venceram
Ser amigo é uma constante troca, um constante vai-e-vem de afetos
De momentos carinhosos, de momentos doces, de alegria infinda.
Ser amigo é bater à porta, quando todas as portas se fecharam
É estar presente, mesmo que em silêncio
Quando todos os demais se foram
È chegar de mansinho, na calada da noite
Para espantar os fantasmas dos inúmeros pesadelos humanos
É dar as mãos com delicadeza e dizer, apenas com um olhar
Que a amizade é a flor mais perfumada que o ser humano já pode conhecer
É o mais sublime dos amores…
Estar presente quando todos estão presentes?
Dar as mãos, quando todos estão de mãos dadas?
Perdoar o perdoável?
Compreender o compreensível?
Aceitar o aceitável?
Entregar-se dentro do possível?
Poxa, isto é o comum!
Ser amigo é ser incomum, é surpreender, é chegar no momento certo
Quando tudo o mais tem dado errado
Ser amigo é dedicação, compreensão, devoção, e, principalmente, perdão
É perdoar o imperdoável, é compreender o incompreensível
É amar, quando não mais existe lugar para o amor
É mostrar-se presente, quando todos se foram
É estender as mãos, quando suas mãos são as únicas que restaram
E dançar uma valsa, quando o baile já se acabou…
Ser amigo é esquecer-se de si mesmo para lembrar-se do outro
Em uma entrega total, sublime, infinita.
Ser amigo, enfim, é lembrar-se, constantemente
Que a vida, por si só, é pequena, mas pode tornar-se grande
E uma grande vida é feita de pequenas coisas
A palavra “amigo” é uma dessas pequenas coisas…