Espaço Acadil: Ester e Sílvio

Bernardo Campos         
Cadeira Nº 13 I Patrono Luiz Colaneri

É bem assim o gênero das crônicas, o do improviso e da espontaneidade, sem que se lhe negue, também, enveredar por tom assemelhado à narração, seja ela fundamentada em toda ordem.

Sim, nada impede então que, com a mesma naturalidade, sejam a um tempo enfocados acontecimentos, fatos quaisquer, como outros em si marcantes.

Hoje, por exemplo, vem à baila a lembrança de um almoço diferenciado. Não queira ninguém saber o cardápio em si, porque esse detalhe resultou numa questão de somenos.

Já se pode levar até como uma rotina, idas a São Paulo e outras praças não muito distantes, da parte deste desajeitado escriba, somente com um intento, o de rever e papear à solta com tantos amigos.

E muito apropriadamente, tais encontros se davam em geral à hora do almoço.

Crônicas, já se advertira de início, é mesmo desse feitio, de saltos, vindas e idas se preciso.

Então numa dessas visitas, por sorte, acomodara-me eu com muito custo, em mesa de quatro lugares na ampla sala de alimentação, praticamente lotada, daqueles dias em que se veem pessoas, de prato na mão, caminhando de cá para lá à cata de lugares.

O meu amigo, cerimonioso, obriga-me a ir antes dele, servir-me, enquanto ele guardava pelo menos dois lugares. No meu retorno e a esperar que também ele se servisse, fiquei assim por momentos sozinho, a tamborilar algum ritmo, costume antigo aliás.

Nesse preciso momento, um jovem casal, com a indefectível condição de enamorados, pede licença para usar as duas outras vagas. De imediato assenti e, meio sem jeito, puxei um fio de conversas, mais para explicitar que dali a pouco chegaria um colega meu. Dois amigos, cuja idade mútua, de si a ambos os denunciaria como tal.

Nisso volta meu parceiro. Afeição nossa nem sequer de tantos anos, mas desde logo a repercutir em nós como se aquela estima tivesse vindo da infância ou juventude. Cuidei de atenciosamente apresentá-lo.

A pouco e pouco a troca de impressões aumentou e transmudou-se numa alongada e animada fonte de recíprocas informações, por ambas as partes.

Extremamente resumido, pois, aqui, o relato desse proveitoso encontro de idades várias.

Por ora então, o mais afetuoso abraço a esse casal de jovens, certamente aplicadíssimos no seu colégio.

A diferença de idades e a permuta de impressões coroaram aquele começo de tarde.